#2

so this is the new year (nem tanto também, 85 de janeiro ou coisa parecida) and i don't feel any different etc etc.

fiz uma pausa para o natal e porque todo mundo contraiu a peste, mas faz duas semanas que voltei a navegar a burocracia canadense e não quero alarmar ninguém mas continua tão ruim quanto em 2023.

todas, absolutamente TODAS as minhas conversas com um órgão governamental seguem um roteiro em que: para dar entrada nesse documento você precisa de um comprovante de residência tipo conta de telefone. para ter telefone com conta você precisa de um cartão de crédito canadense. para ter um cartão de crédito canadense você precisa de um comprovante de residência. tipo conta de telefone. para ter telef

até a demência. ou até você desistir e desligar, porque os caras são uns robôs. eles repetem a mesma toada por horas. o começo varia, mas o final sempre descamba para o fetiche da conta telefônica.

- é porque precisa de um papel OFICIAL, como uma conta de telefone 

(me desculpa repetir, mas é que preciso dar o tom)

- mas veja bem. eu tenho uma carta. do governo ele próprio, compreende? eu não consigo ficar mais oficial do que isso.

- então você vem aqui e traz o que tiver.

*pausa*

- e você não vai fazer o que eu quero, né?

- não. porque no seu caso vai ficar falt

desliguei.

às vezes me surpreende que tenham me permitido casar aqui sem precisar sacar uma conta de telefone de um bolsinho rendado no meio da cerimônia e apresentar para a juíza, os convidados, o moço do buffet. eu tenho um telefone pré-pago pelo qual pago $15 porque não tem a menor razão para ter algo mais elaborado nesse momento. nem mesmo plano de dados? que dados, não preciso de dados, tenho wifi em casa e na rua eu vivo o momento. no caso um momento de baixa renda.


enfim, de uma forma ou de outra a situação vai andar porque a brasileira é doida está escaldada e cobriu todas as bases. mas sinto que estou sempre a 5 segundos de fazer a jasmine de 90 day fiancé, cheia de ranho na cara abraçada em um poodle usando fraldas, I WANT TO GO BACK TO PANAMA, PLEASE BUY ME A TICKET TO PANAMA.

#1

sempre achei meio ridículo dizer que não escrevo para ser lida, porque se não quisesse ser lida mesmo poderia escrever num post-it e colar na parede (inclusive faço muito). mas o simples fato de ser lida nunca foi minha principal motivação. minha curiosidade era outra: se quisesse explicar essa coisa bizarra que acabou de acontecer aqui dentro da minha cabeça, por onde começaria? e uma vez colocada para fora, com o que se pareceria?
 
com o tempo e as sapatadas que a vida dá (leia-se: quando me associei com pessoas que sinceramente) a curiosidade, como todo o resto, foi deturpada. e a pergunta - que não ousava fazer, porque sabia que era errada em tantos níveis - virou um grande & nebuloso & eterno como falar sobre essa coisa que estou pensando sem parecer que estou pensando para evitar a fadiga da explicação? google pesquisar. nesse ponto tudo ficou falso, horrível, insatisfatório. tentei vários blogs, tentei newsletters, mas nada tinha aquela coisa que podia de fato chamar de minha. muitas vezes se equilibrando na fronteira do dadaísmo com o equívoco, mas indiscutivelmente minha-minha-minha. 

não faço a menor ideia se aquela coisa ainda existe. muito menos se um blog público é o melhor lugar para descobrir. o que sei é que ainda sinto vontade de explicar essa bizarrice que acabou de acontecer aqui dentro da minha cabeça.

e se esse não é um motivo razoável o suficiente para tentar, bem... já errei indo atrás de iniciativas bem menos lúdicas.