janeiro 28, 2024

#1

sempre achei meio ridículo dizer que não escrevo para ser lida, porque se não quisesse ser lida mesmo poderia escrever num post-it e colar na parede (inclusive faço muito). mas o simples fato de ser lida nunca foi minha principal motivação. minha curiosidade era outra: se quisesse explicar essa coisa bizarra que acabou de acontecer aqui dentro da minha cabeça, por onde começaria? e uma vez colocada para fora, com o que se pareceria?
 
com o tempo e as sapatadas que a vida dá (leia-se: quando me associei com pessoas que sinceramente) a curiosidade, como todo o resto, foi deturpada. e a pergunta - que não ousava fazer, porque sabia que era errada em tantos níveis - virou um grande & nebuloso & eterno como falar sobre essa coisa que estou pensando sem parecer que estou pensando para evitar a fadiga da explicação? google pesquisar. nesse ponto tudo ficou falso, horrível, insatisfatório. tentei vários blogs, tentei newsletters, mas nada tinha aquela coisa que podia de fato chamar de minha. muitas vezes se equilibrando na fronteira do dadaísmo com o equívoco, mas indiscutivelmente minha-minha-minha. 

não faço a menor ideia se aquela coisa ainda existe. muito menos se um blog público é o melhor lugar para descobrir. o que sei é que ainda sinto vontade de explicar essa bizarrice que acabou de acontecer aqui dentro da minha cabeça.

e se esse não é um motivo razoável o suficiente para tentar, bem... já errei indo atrás de iniciativas bem menos lúdicas.

2 comentários:

  1. Sinto isso toda vez que leio um autor minimalista, que consegue se expressar em poucas palavras e transmitir sentimentos sem explicar muita coisa. Mas confesso que também sinto uma inveja dos autores maximalistas que explicam tudo nos mínimos detalhes e não se tornam chatos e palestrinhas. No final das contas, queria ser uma boa escritora para todas as situações (seja no blog ou no post-it), mas acho que isso não é possível - bom, pelo menos não possível para mim. Talvez o caminho seja continuar escrevendo o que a gente quiser sem pensar muito sobre isso. Ou pensar sobre isso na medida em que a gente quer pensar. Ou talvez não exista caminho. Não sei. Queria que fosse mais fácil...

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    1. eu acho que qualquer tipo de caminho se apresenta com a prática e não o contrário. tipo se eu decidir aqui e agora "vou escrever um poema", vai sair qualquer coisa de bem constrangedora. e tudo bem também, tudo é processo.

      mas a gente quer ver esse processo com começo, meio e fim logo de saída. acho que esse é o grande problema porque mata a diversão. escrever, para mim, não é uma forma de exercitar esse lado perfeccionista. é exatamente o contrário, escrevo para desapegar. para me forçar a encontrar a hora de parar de lapidar as coisas nos mínimos detalhes.

      :***

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